Bem Vindo ao Blog da Profe Leyza

Este blog foi criado com o objetivo de dividir com os colegas, o que tenho aprendido no Curso "APRENDENDO E ENSINANDO COM TECNOLOGIA".
Espero poder contribuir com idéias e sugestões a fim de tornar nossa sala de aula mais interessante e prazerosa.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Artigo Trabalhando as Diferenças


TRABALHANDO AS DIFERENÇAS
                                                                                           Corrêa, Vânia Reginato
                                                                                               Duarte, Leyza Souza
                                                                           E.E. de E.M. “Bibiano de Almeida”
                                                                                                              Rio Grande
       Percebíamos que nossos alunos estavam com dificuldades de se constituírem enquanto turma, pois viviam debochando uns dos outros, colocando apelidos pejorativos nos colegas, brigando por qualquer motivo.
       Como tentativa de unir a turma, trabalhamos as historinhas dos gibis e filmes da Turma da Mônica. Porém, após analisar as historinhas, as crianças concluíram que a Mônica batia no Cebolinha e no Cascão porque eles colocavam apelidos nela. Que era feio colocar apelidos, pois só temos uma coisa em comum: somos todos diferentes e, se somos diferentes, não podemos debochar de ninguém por isso.
      Neste momento, surgiram nas turmas envolvidas no projeto, o desejo de trabalhar com as diferenças. Acreditamos que, para que haja aprendizagem efetiva, é necessário ir além dos conteúdos. Textos, palavras ou letras trabalhadas em aula serão tanto mais ensinantes quanto mais contextualizados semanticamente nesses universos dramáticos (GROSSI, 2006).
      A dramática apresentada na história: Branquinho, o dognauta, leva em consideração os aspectos lógicos e dramáticos no processo de aprendizagem. Os lógicos são puramente os conteúdos e os dramáticos envolvem as emoções e os desejos.
      “Toda aprendizagem repousa no valor simbólico do que se quer aprender. Ler e escrever não foge a esta regra. Por isso, se as escritas forem ricas de sentido para os alunos, mais chance elas oferecem para que as aprendizagens sejam também ricas.” ( GROSSI, 2007)
      Neste momento, optamos por trazer este elemento surpresa para a sala de aula. Apresentamos aos alunos uma caixa em formato de nave espacial e pedimos que escrevessem o que suponham haver ali dentro. Lemos no grande grupo as hipóteses levantadas pelos alunos e posteriormente, permitimos que abrissem a nave espacial. Dentro da  nave, surgiu o personagem com o qual trabalhamos: Branquinho.
      Branquinho, o dognauta  era um cachorro que chegou na Terra num disco voador. Ele era todo branco, tinha orelhas no lugar dos olhos, os olhos atrás da cabeça, o rabo do lado do corpo, usava um capacete e andava em pé. Por onde ele passava, juntava um monte de curiosos querendo saber  porque ele era tão diferente.
      Então, Branquinho foi levado ao veterinário para “consertá-lo”, para poder viver na Terra. Ele foi operado e ficou igual aos cachorros da Terra, porém ficou todo preto e teve que mudar seu nome para Pretinho.
      Cientistas da Nasa examinaram o cachorrinho e constataram que ele era um dognauta, vindo do Planeta Plutão.
      Os cientistas pediram ao veterinário que operou o dognauta que fosse
até  Plutão, fazer umas investigações interplanetárias.
      Quando a nave espacial chegou, o veterinário viu que todos os habitantes eram dognautas,  igual ao Branquinho.
      Os dognautas ficaram espantados, pois nunca tinham visto nada igual. Resolveram pegar aquele bicho esquisito (o veterinário) e operá-lo, para que pudesse viver sossegado no meio dos dognautas.
      Depois da operação, o veterinário, apavorado, conseguiu fugir. Entrou na nave espacial e voltou para a Terra, correndo para o primeiro hospital.    
      Este ser igual ou ser diferente é muito relativo. O dognauta era diferente dos cachorros da Terra, mas em Plutão, seu planeta de origem, era igual a todos os outros.
     Após a reflexão da história, construímos com os alunos um Texto Coletivo e apresentamos um Glossário Alfabetizador, destacando  palavras significativas.
      A cada dia fomos trazendo para sala de aula diferentes histórias que tivessem um pertencimento a dramática trabalhada e levassem os alunos a refletir sobre diferentes possibilidades.
      Literatura  trabalhada :
  • “Alguém Muito Especial” de Miriam Portela
  •  “O Planeta Lilás” de Ziraldo
  •  “Pato Magro e Pato Gordo” de Mary e Eliardo França
  •  “Menina Bonita do Laço de Fita” de Ana Maria Machado
  •  “Um Palhaço Diferente” de Sônia Junqueira
  •  “Lilo e Stitch em: Um Amigo Especial” (Contos Disney)
  •  “Um Amigo Diferente”,  “Meu Amigo Down, em casa”, “Meu Amigo Down, na rua” e “Meu Amigo Down, na escola” de Claudia Werneck
  •  “A Felicidade das Borboletas” de Patrícia Engel Secco
      Após as narrativas foram propostas dramatizações , bem como escritas espontâneas, a fim de que os alunos “sentissem na pele“ as limitações impostas pelas diferenças.       
      Outras atividades contemplando a temática foram realizadas, incluindo um cineminha em sala de aula. Assistimos ao filme: “Happy Feet” e vivenciamos junto ao pingüim, protagonista do filme, a aventura de ser diferente
      Após um intenso trabalho que envolveu além de muita sensibilização, jogos, brincadeiras, desafios, bem como diversas provocações à leitura e à escrita, culminamos este projeto com uma aula cultural no Teatro Municipal onde assistimos à peça: “Dona Baratinha”, encenada pelos alunos da APAE de Rio Grande e ao  espetáculo de música e dança da APAE de São José do Norte.
      Um dos alunos das turmas envolvidas, extremamente tímido, teve a oportunidade de relatar ao grupo que tinha um irmão diferente, que não frequentava a escola, agredia a ele mesmo e as pessoas com quem convivia. Ficou claro o quanto isso o incomodava anteriormente, porém, após esse trabalho, sentiu-se mais fortalecido e confiante para lidar com a situação, o que fez dele um aluno mais participativo e integrado na turma.
      Ao final do trabalho, percebemos os alunos mais preparados a conviver com as diferenças, respeitando e aceitando cada ser humano dentro de suas possibilidades. A turma solidificou-se com este trabalho, fazendo com que as aprendizagens fluíssem de modo mais eficaz.
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Referências Bibliográficas

GROSSI, Esther Pillar. Aprender é formular hipóteses... ensinar é organizar provocações. Porto Alegre, 2006.
_______________.  Didática da Alfabetização. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
_______________. Uma nova maneira de estar na sala de aula. São Paulo: 2007.

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